terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Ensina-me a dançar, mas do teu jeito. Quero que me conduzas como uma dama pelo salão da vida; exijo galanteios e não aceito que tuas mãos deslizem mais do que deveriam por minhas costas. Seja calmo, paciente, espere que meu tempo chegue ao teu e lhe envolva em um terno abraço. Se tiveres sorte, talvez estale um beijo em uma daquelas bochechas coradas. Não prometo mais do que isso, até posso, mas não quero. Então vem, mostra-me os passos de principiante e depois poderás me ensinar o bailar complexo. Quero alcançar a interligação de nossos corpos e o remexer de pés videntes, os quais preveem o movimento alheio e simplesmente se encaixam um ao outro. Entende, por favor, que não quero pular etapa alguma. Quero, de princípio, os risos repentinos, os olhares acanhados, os gestos indecisos, quero esse doce e tímido início da dança. Só depois almejarei a fartura, a intimidade, os segredos e dicas, nosso corpo pulsando como um em plena pista da vida. Ensina-me a dançar como teu par, coração. Mas ensina do teu jeito, no qual adicionarei uns trejeitos tão meus e assim formaremos aos poucos um modo tão nosso.

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